Nota Comemorativa dos 100 anos do Partido Comunista Chinês
dos sovietes ao comunismo interplanetário
O Instituto de Humanidade, Direitos e Democracia vem, nesta nota, parabenizar o Partido Comunista Chinês pelo aniversário de 100 anos. Fundado no dia 1 de Julho de 1921, o PCCh teve uma trajetória que vai desde os primórdios da república da China até seu papel central na história contemporânea mundial.
A Estrela Vermelha Brilha sobre a China
No seu início, sob a liderança de Chen Duxiu e Li Dazhao sob a inspiração intelectual de Chen Wangdao (tradutor do Manifesto Comunista para o mandarim) o movimento foi essencial na incorporação de ideais da revolução bolchevique ao movimento anti-imperialista de 4 de Maio. Era o nascimento do marxismo na China, um partido que eclode de um círculo limitado marxista chinês e, com o passar dos anos, se tornou um dos maiores partidos políticos do mundo contando hoje em dia com quase 100 milhões de membros.
A história dessa organização é marcada pelo profundo enraizamento na sociedade chinesa e sua simbiose com os desejos e aspirações da população. Por meio de uma histórica luta contra a opressão de nações estrangeiras, o partido através de seu exército vermelho conquistou a soberania nacional e rompeu com o período conhecido na historiografia como o “século das humilhações”. O marco final do período se fixa na Revolução de 1949 e a consequente instauração da República Popular da China, a Nova China.
De pé, o povo chinês vem ano após ano mostrando a sua força e resiliência no caminho da construção de uma economia socialista com características chinesas. O ensejo de modernização, ainda em curso, levou a experiência concreta do Partido Comunista Chinês aos limites das concepções marxistas e das formulações comunistas de teóricos em diferentes lugares do planeta.
A superação da visão binária entre socialismo e mercado é, talvez, uma das maiores contribuições do PCCh à história do comunismo internacional. Sob a liderança posterior de Deng Xiaoping, a articulação do planejamento estatal com as forças produtivas, subordinando-as aos interesses nacionais, demonstrou ser a mais eficiente forma de desenvolvimento já visto na história da humanidade.
A Liderança de Mao
Em 1949, quando Mao Zedong proclamou a república popular da China, o país tinha grande maioria da sua população em situação de pobreza extrema e a esperança de vida era de apenas 35 anos. 80% da população era analfabeta, fome e a destruição de seguidos anos de guerra civil imperavam. Em poucos anos, o cenário começou a se reverter.
Quando Mao faleceu em 1976, o país já havia caminhado fortemente na sua industrialização e modernização do campo, a taxa de analfabetismo havia caído para 20% e a esperança de vida já alcançava, praticamente, 65 anos.
A contribuição de Mao é a de um grande marxista no sentido próprio da palavra, isto é, de um ser humano da práxis que aparece, necessariamente, como pensador, militante e líder -- político e militar -- ao mesmo tempo. Ele trouxe, sem dúvida, inovações que podem ser tomadas como teóricas, no desenvolvimento de um Marxismo aberto e no envolvimento das massas no processo e no regime revolucionário.
Mao, é preciso salientar, contribuiu como poucos para o enigma prático da fase de transição, quando muito antes das reformas dos anos 1980, buscou um meio de integrar o mercado à transição socialista, recusando a simples e arbitrária supressão imediata dessa instância da vida social. Tudo isso produziu na China uma capilaridade e uma vitalidade incomuns no socialismo real até hoje, o que confunde e abala analistas ocidentais.
Abertura e Avanço
Entre 1979 até 2021, o país conseguiu o feito impressionante de retirar mais de 800 milhões de pessoas da pobreza, o analfabetismo foi praticamente abolido e o país obteve taxas de crescimento anuais variando entre taxas de 9% a 15%, com pouquíssimos anos onde se registrou um avanço menor do que esse.
Deste modo, atingindo uma sociedade moderadamente próspera, hoje com um Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) ajustado à desigualdade social maior que o Brasil e comparável aos melhores países da América Latina.
Grande parte do processo empreendido, principalmente de 1982 em diante, sob a liderança de Deng Xiaoping, é fruto de um exame crítico dos anos 1960-70, onde grandes avanços conviveram com experimentações em larga escala, tentativas e erros. O próprio Deng, aliado tardio de Mao, se separou do velho líder e foi reabilitado implementando mudanças que, não por acaso, eram fruto do pensamento do antigo líder e do acúmulo teórico do Partido.
Anos mais tarde, a liderança de Jiang Zemin, o ex-prefeito de Shanghai, foi fundamental para reformar institucionalmente o Partido, criando um sistema estável de ascensões, mandatos, aposentadorias e relação entre os diferentes hierarcas. A liderança de Hu Jintao manteve o país na rota de um grande crescimento econômico, o que não foi abalado nem mesmo pela crise econômica mundial de 2008 e a atual pandemia do coronavírus.
A liderança de Xi e o futuro
A chegada de Xi Jinping como presidente da China e secretário geral do PCCh marca o início de uma nova era, a intensificação dos ataques de blocos de potências ocidentais desafiam a estabilidade e unidade do povo chinês em seu caminho futuro. Mesmo assim, vemos que o PCCh continua firme em seus objetivos nacionais contando com amplo respaldo popular.
Fatos notáveis, enquanto o país estava sob a pressão da guerra comercial promovida por Donald Trump, a China superou rapidamente o surto de Covid-19 e, em pleno ano da pandemia global desta doença, conseguiu eliminar a pobreza extrema, anos antes dos objetivos da ONU.
A Covid-19 deixou pouco menos de 5 mil mortes em uma população de quase 1,4 bilhão de habitantes da China. A taxa de mortalidade pelo novo coronavírus no país é de apenas 3,47 por milhão, o que equivale, por exemplo, a uma taxa 700 vezes menor do que a brasileira. Quando o surto de Covid-19 arrebentou em Wuhan, na região central do país, muitos analistas apressados falavam da “Chernobyl de Xi Jinping” -- e não poderiam ter sido mais levianos.
Em maio deste ano, o comunismo foi levado às relações interplanetárias ao pousar uma sonda em Marte, a Tianwen-1. Adentrando a fronteira tecnológica, agora vemos as possibilidades ilimitadas do Estado enquanto controlador dos meios de produção a serviço da classe trabalhadora.
Do outro lado, avançam as tecnologias de fusão nuclear, o sol artificial, e tecnologias como o 5G e o 6G, além de fontes energéticas limpas que possibilitam cada vez mais que automóveis e até fábricas dependam menos de combustíveis fósseis.
Há certamente muito a evoluir, e muitos desafios aguardam os comunistas chineses, mas é inegável a contribuição dada por eles a toda a humanidade, ao retirarem uma das mais antigas civilizações do mundo de uma crise que já perdurava 300 anos, e fora agravada pelo imperialismo -- ocidental e japonês.
Os frutos dessa dinâmica estão em seu início, mas é certo que os primeiros 100 anos do partido foram impactantes. Os limites de realização dessa nova forma de organização da sociedade são imponderáveis, superam e expandem as fronteiras teóricas de cunho socialista.